Boa parte das crianças e dos adolescentes brasileiros sabe bem o que é Roblox, e é bom você saber, também. Afinal, essa plataforma de jogos online sequer é nova, embora apenas agora esteja sendo usada de maneira bem mais ampla e conectada ao empreendedorismo.
Criada em 2004 pelo canadense David Baszucki e pelo americano Erik Cassel, a ferramenta surgiu com a ideia de despertar o interesse dos pequenos pela física clássica, bem como pela lógica envolvida na criação de games. Aos poucos, porém, acabou se tornando uma alternativa gratuita ao Minecraft, para desenvolver mundos além da imaginação.
“Conforme o tempo passou, o Roblox se transformou em um ambiente digital livre de regras e aberto para a criatividade. Seu objetivo geral, hoje, é transformar sonhos em realidade”, comenta José Ricardo Silva de Oliveira, coordenador do curso de Análise e Desenvolvimento de Sistemas do Centro Universitário Estácio de São Paulo, campus Conceição.
Na prática, fazer parte da rede é algo simples. Basta criar um usuário, via site ou aplicativo. A partir daí, é possível interagir com outras pessoas, jogar um dos mais de 50 milhões de games disponíveis na plataforma ou usar a ferramenta Roblox Studio, específica para a criação de seus próprios jogos.
O pulo do gato nessa história e a relação do sistema com o empreendedorismo provêm justamente desta última caixa de ferramentas digitais. Intuitiva, ela permite aos usuários desenvolver acessos, itens e mods de um jogo. Só que, mais do que isso, é possível vendê-los. A moeda virtual usada na plataforma é chamada de Robux.
“Algumas pessoas vêm ganhando muito dinheiro com isso. Esse mercado tem sido favorável, especialmente, para quem tem bons conhecimentos em programação ou design 3D”, afirma Marco Giroto, fundador da SuperGeeks, escola de programação e robótica voltada para crianças e adolescentes.
Embora o Roblox fique com uma comissão alta, de 70% da receita das vendas realizadas dentro de seu universo, a plataforma tem despertado o interesse de empresas, que já demonstram o desejo de realizar investimentos. Nessa seara concentram-se, principalmente, quem tem como público-alvo crianças e adolescentes.
Educação em destaque
O público do Roblox é majoritariamente formado por pessoas entre 8 e 13 anos. Em uma escala mais flexível, porém, é possível esticar essa faixa etária para algo entre 4 e 22 anos. “Minha filha tem 5 anos e joga pelo tablet. Isso porque o game tornou-se extremamente popular. Não conheço uma única criança ou um só adolescente que não tenha ouvido falar dele, e a maioria já jogou”, aponta Marco.
Para aproveitar essa fama, o Roblox pode ser usado de diferentes formas pelos nichos que trabalham com crianças e adolescentes. O fundador da SuperGeeks, por exemplo, vê grande potencial na área da educação. “Durante a pandemia, por exemplo, com os alunos presos e obrigados a ter aulas por videoconferência, seria maravilhoso para eles se pudessem acessar a plataforma para encontrar colegas de classe e professores. Isso sem contar que eles poderiam ter aulas dentro de mundos temáticos”, diz.
“Acredito que a plataforma vai crescer e ser cada vez mais aprimorada para quem deseja falar com o público formado por adultos e crianças” segundo Marco GIroto, fundador da SuperGeeks.
Tanto é que, em 2019, ele decidiu fazer um encontro especial dos alunos da SuperGeeks dentro do Roblox. “Criamos o nosso próprio mundo virtual em 3D com ferramentas voltadas para os professores darem aula”, conta. A experiência foi um sucesso.
Hoje, a marca oferece aulas de desenvolvimento para a plataforma. “Os alunos aprendem a criar itens, fazer modificações e até a ganhar dinheiro. É um dos nossos cursos mais vendidos”, afirma o fundador da escola.